CANÇÃO COR-DE-ROSA

 

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Leio a sua carta

cor-de-rosa, amiga,

 

como um fim de tarde

na cidade antiga.

 

Como se me enviasse

as nuvens de outrora

 

para iluminar

as cinzas de agora.

 

E então sou feliz

por ainda, amiga,

 

encontrar você

numa tarde antiga.

 

Ruy Espinheira Filho poeta e escritor brasileiro. Poema retirado do livro Noite Alta, 2015.

Quando Vier a Primavera

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Quando Vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro, in “Poemas Inconjuntos”
Heterónimo de Fernando Pessoa

Costume

 

Costume

O amor ilude o bobo da corte

no riso sem cor e olhar breve

dos que pasmam.

A tarde quente provoca o duende escondido

na serpente que se enrosca na presa

mas não a deglute

quando a paixão beija o seu próprio ventre

narcísica e perversa.

A taça sem alegria brinda

o silêncio dos que sabem

do vácuo e transitório espaço

que separa amantes fugidos

que se retalham.

 

Márcia Rúbia Graduada em Letras pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e pós-graduada em Planejamento da Educação pela Universo. Ativista cultural, membro da Associação Jequiense de Artes e da Liga de Escritores e Artista de Jequié. Autora do livro Procura-se a poesia, do qual foi retirado o poema acima.

Minha literatura

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Minha literatura

     Doce moreninha que faz a terra tremer

passos de menina delicada

olhar puro que nos faz reviver

a vida dos contos de fada

És uma princesa no modo de ser

na ternura, na beleza e no sorrir,

és capaz de nos fazer perceber

que vida é coisa pra viver e sentir

Tua pele queimada do sol

no teu rosto o resplandecer

teus olhos, luz de um farol

que aos mares vem aquecer

Há dias que vejo em ti Ceci

em outros parece Carolina,

capaz de enamorar o Peri

ou chorar por Jorge, feito menina

Tua voz ao Condor remota

cabelos belos de cor escura

esperançosa como Carlota

amante da literatura

Te definir nesta poesia

talvez este seja o tema,

mas até um cego saberia

que és a princesa Iracema

Bela garota menina

que detém o poder de encantar

que a cada noite fascina

qualquer um que te olhar

Linda como o céu e o mar

és pura de coração

és obra de Alencar

e também minha inspiração.

Ellison Soares Machado 

Ellison Soares Machado Graduado em Letras pela UESB, pós-graduando em Literatura e Ensino de Literatura na UESB, Escritor, Bacharel em Segurança Pública e Coordenador do Centro Integrado de Comunicações de Jequié.

Perda

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Perda

Quando se perde alguém

A solidão encontra-o.

Quando se perde alguém

O arco-íris desbota-se.

Quando se perde alguém

A escuridão da noite anterior

Chega mais cedo

Logo pela manhã

Substituindo os raios de sol.

Quando se perde alguém

O frio da madrugada

É o único cobertor.

Quando se perde alguém

O retrato da tristeza

É a única lembrança viva.

Quando se perde alguém

As lágrimas é o único manancial

Que te banha.

Quando se perde alguém

O primeiro atalho é o choro

Que te leva

Ao encontro de quem

Abandonou-te

A beira

De um caminho sem volta.

Quando se perde alguém

O chão é o limite

De quem um dia

Já voou até o infinito

Nas asas do amor.

Quando se perde alguém

A dor dita os passos

Passos estes que nem sempre

Conduzir-te-ão à reconciliação.

Quando se perde alguém

O que se vê no reflexo

Do espelho, é a imagem

De quem

Um dia já foi.

Cristiano Conceição

Cristiano Conceição graduando em Letras na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Professor de desenhos artísticos (estilo realista) com desenhos em Jequié, São Paulo, Alemanha, Salvador e Poeta com dois livros publicado.